A PROTEÇÃO DOS ATIVOS INTANGÍVEIS EM OPERAÇÕES DE M&A
Por Luiza Gouveia Marques Dias
Imagine que você é um executivo de uma grande empresa farmacêutica. Sua equipe identificou uma startup com uma tecnologia inovadora, capaz de revolucionar o desenvolvimento de novos medicamentos, oferecendo um potencial de lucro gigantesco. A aquisição dessa empresa parece promissora, mas surgem questões importantes: será que todos os riscos foram devidamente considerados? E, mais importante, os ativos intangíveis que dão valor à startup estão protegidos?
Em operações de M&A, principalmente no setor farmacêutico, os ativos intangíveis geralmente representam parte considerável do valor de uma empresa. Patentes, segredos comerciais e marcas são frequentemente os pilares que sustentam a inovação e a vantagem competitiva no setor. No entanto, por sua natureza não palpável, esses ativos exigem uma análise cuidadosa e uma abordagem estratégica para assegurar que o investimento seja seguro e rentável.
Due Diligence e Avaliação de Riscos
Antes de fechar qualquer aquisição, é indispensável conduzir uma due diligence jurídica abrangente. Esse processo vai além de uma simples formalidade; ele permite compreender profundamente os aspectos jurídicos dos ativos pretendidos e identificar potenciais riscos que possam comprometer a transação.
No setor farmacêutico, isso inclui verificar a robustez das patentes relacionadas a novas formulações ou métodos de produção, assegurar que segredos comerciais estejam protegidos e garantir que não existam litígios pendentes que possam ameaçar a propriedade intelectual da empresa.
Um dos principais riscos que uma empresa adquirente pode enfrentar no que se refere à propriedade intelectual da empresa adquirida é descobrir, por exemplo, que uma das patentes mais valiosas da startup está envolvida em uma disputa judicial ou, pior, que a tecnologia desenvolvida infringe direitos de terceiros. Os custos de um processo judicial podem ser significativos, não apenas em termos financeiros, mas também em termos de reputação para a empresa adquirente.
Avaliação dos Ativos Intangíveis
Além da análise jurídica, é fundamental a correta valoração dos ativos intangíveis. Essa etapa é desafiadora, mas essencial para garantir que o preço da aquisição reflita o real potencial do investimento. Em startups farmacêuticas, é crucial não apenas considerar a validade e o status atual das patentes, mas também avaliar o potencial de mercado futuro das inovações.
Tecnologias que hoje parecem promissoras podem rapidamente tornar-se obsoletas ou enfrentar barreiras regulatórias que reduzam seu valor. Por isso, é essencial uma abordagem integrada que combine análises técnica, jurídica e financeira, visando uma avaliação precisa e realista desses ativos.
Uma análise abrangente exige a participação de uma equipe multidisciplinar, onde cada especialista desempenha um papel interligado e complementar. Advogados especializados em propriedade intelectual são indispensáveis para examinar patentes, segredos comerciais e possíveis disputas legais, assegurando que os direitos estejam protegidos e livres de litígios.
Em paralelo, advogados especialistas em direito regulatório garantem o alinhamento com as normas do setor farmacêutico, o que é vital para evitar problemas legais futuros e maximizar o valor do investimento.
Consultores financeiros, por sua vez, trabalham em conjunto com os demais para calcular o valor dos ativos intangíveis, levando em conta tanto os riscos jurídicos quanto as oportunidades de mercado.
Complementando essa equipe, especialistas técnicos do setor avaliam a viabilidade e o grau de inovação tecnológica, fornecendo uma base sólida para a projeção de potencial futuro. Essa colaboração entre as diferentes áreas do conhecimento assegura uma avaliação robusta e bem fundamentada, onde todos os aspectos cruciais são devidamente considerados.
Estruturação Contratual e Cláusulas de Proteção
Para mitigar riscos, a estruturação cuidadosa do contrato de aquisição é fundamental. Cláusulas de garantia e indenização oferecem uma camada de proteção essencial, ao assegurar que os vendedores sejam responsáveis por quaisquer problemas ocultos relacionados aos ativos intangíveis.
Acordos de confidencialidade são fundamentais para proteger segredos comerciais, garantindo que informações sensíveis permaneçam seguras durante e após a transação. Cláusulas de retenção de preço também desempenham um papel importante, permitindo que parte do valor da aquisição seja retida por um período após o fechamento do negócio. Esse mecanismo é especialmente útil para lidar com riscos já identificados, proporcionando uma margem de segurança para o adquirente em caso de litígios ou falhas na transferência de ativos.
Monitoramento Pós-Aquisição
A proteção dos ativos intangíveis não termina com a assinatura do contrato de aquisição. A integração eficaz desses ativos na estratégia da empresa adquirente é um passo crítico para maximizar o valor da transação. Isso envolve a implementação de políticas internas robustas para monitorar e proteger continuamente os ativos intangíveis, garantindo que estejam alinhados com os objetivos de longo prazo da empresa.
O monitoramento contínuo é importante para identificar e mitigar novos riscos que possam surgir. Atualizações nos registros são práticas recomendadas para manter a proteção dos ativos e assegurar que continuem a contribuir para o sucesso da empresa.
Conclusão
A proteção dos ativos intangíveis em operações de M&A é mais do que uma medida de segurança; é uma estratégia essencial para garantir que o valor identificado na aquisição seja real e sustentável. Com uma due diligence detalhada, uma estruturação contratual bem pensada e uma integração eficaz, as empresas podem transformar uma oportunidade promissora em uma história de sucesso.
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