Artigos - Postado em: 10/03/2021

É possível vender apenas para bons pagadores no setor público?

Por Ester Faria

O ano de 2020 foi desafiador. No setor privado, atividades interrompidas pela pandemia e um cenário econômico instável fizeram com que muitas empresas refizessem seus planejamentos e a busca por novos modelos de negócios tornou-se urgente.  

No setor público, o aumento do endividamento para contenção da COVID-19, assim como o contingenciamento do orçamento agravaram a situação das contas públicas que, por sinal, já era crítica. Embora a situação das contas públicas indique um alto grau de comprometimento, muitas empresas ainda buscam no setor público oportunidades de expansão dos seus negócios. 

E, de fato, as empresas que celebram negócios com o setor público experimentam boas oportunidades. Somente no ano de 2020, foram movimentados mais de 35 bilhões de reais em licitações.

Contudo, a rentabilidade do mercado público está intimamente ligada à uma eficaz gestão dos contratos celebrados. Questões como a iminência de um “calote” e a burocracia excessiva são preocupações constantes no cotidiano empresarial. Dados divulgados recentemente apontam que pelo menos 14 estados brasileiros tiveram que recorrer à União para o pagamento de dívidas em 2020, o que representa um crescimento de 58,9% em relação ao ano de 2019. Os dados indicam um alerta, mas não impedem a existência de uma saudável relação comercial com o setor público.

Nesse cenário, e visando reduzir riscos, seria possível selecionar os ‘bons’ pagadores e vender apenas para órgãos adimplentes?

Primeiramente, é importante compreender que o processo de pagamento dos órgãos públicos prescinde de um fluxo legal composto por várias fases, tais como a emissão da nota de empenho, a liquidação da despesa, a observância da ordem cronológica de pagamentos, dentre outras.

A ocorrência de um default em quaisquer destas fases impactará diretamente no pagamento das faturas e consequentemente na situação de adimplência do órgão contratante. Assim, não é possível afirmar ou inferir que o órgão público será sempre adimplente.

Todavia, é possível identificar os bons pagadores e diminuir o risco do negócio através de estratégias simples, como:

  •  Manter-se atento ao histórico de gastos do órgão licitante;
  • Monitorar o Portal da Transparência para conhecer a atual situação financeira do órgão; 
  • Compreender o processo de liquidação de despesas do contratante, desde o recebimento do produto/serviço até o envio da nota para pagamento; 
  • Ajustar o ‘contas a receber’, contingenciamento e PDD para o prazo habitual de pagamento do órgão. Alinhar as expectativas quanto a capacidade de agilizar o tramite de pagamento de cada órgão é essencial para realizar tais ajustes.
  • Conhecer o prazo médio de pagamento que determinado órgão historicamente prática;
  • Criar um fluxo de acompanhamento das Notas Fiscais/Ordens de Compra de acordo com a rotina de cada órgão;
  • Manter contatos respeitosos e fluidos com os agentes responsáveis pela tramitação das ordens de pagamento para compreender procedimentos específicos que devam ser seguidos para assegurar que os gatilhos que favorecem a inadimplência foram sanados. Da mesma forma, obter esclarecimentos sobre as correções/ajustes necessários para que o pagamento seja realizado no prazo habitual.

 

Nesse sentido, é essencial que a equipe responsável pelo controle das contas decorrentes dos contratos públicos tenha plena compreensão das regras e normas que regem as licitações e tais contratos. Da mesma forma, o expert responsável pelo acompanhamento do cliente público deve dominar os recursos disponíveis para uma comunicação direta e eficiente com a Administração Pública. 

Em síntese, é muito importante conhecer o órgão licitante antes de participar do processo de contratação. A Administração Pública deve ser encarada como uma grande oportunidade de expandir seus negócios. Contudo, sempre mediante uma criteriosa avaliação de risco de concessão de crédito, tal qual um cliente privado.

Expandam seus negócios, busquem oportunidades, mas minimizem os riscos. Para tanto, a Equipe de Recuperação de Crédito Extrajudicial estará à sua disposição para tornar a sua jornada mais segura. Entre em contato com os nossos especialistas  pelo e-mail novosnegocios@chenut.online .

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